O suicídio entre as mulheres vítimas de violência doméstica

O suicídio entre as mulheres vítimas de violência doméstica

Você sabia que os feminicídios e os suicídios representam 83% das causas de morte entre as mulheres vítimas de violência doméstica, e que a chance de uma mulher morrer por esses dois meios chega a ser 151 vezes maior comparada a outros tipos de mortes? Eu sou Clara Dawn, especialista em prevenção e pósvenção ao suicídio, e neste mês que marca o Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, vamos falar sobre a saúde mental e o autoextermínio de mulheres vítimas de violência.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a taxa de suicídio entre as mulheres vítimas de violência física, sexual e psicológica, aumentou 50%. Em 2019, 2.817 mulheres optaram pelo autoextermínio. Dentro dessa realidade cotidiana, da impunidade do seu agressor, a culpabilização sociocultural da vítima, a discriminação, a humilhação, o subjugo constante das ameaças, e a total ausência de recurso financeiro para fomentar a autonomia, as mulheres adoecem. E adoecem gravemente. Muitas vezes precisam ser hospitalizadas.

E em outras vezes, em milhares de vezes, não suportando esse convívio, essa dor de existir dentro desse cenário opressor, elas, num ato extremo de desespero e angustia, atentam contra a própria vida. Vale ressaltar que essa terrível realidade não é apenas entre as mulheres adultas não, viu?, meninas, ainda crianças e adolescentes vítimas de toda gama de violência, morrem, senão pelo feminicídio, pelo suicídio.

Não está tudo bem. As mulheres vivem no pior dos mundos possíveis. A violência contra a mulher, já era terrível antes da pandemia e com ela ficou muito mais evidente. Os casos de feminicídio subiram 21% em 2021. e 90% dos crimes foram praticados por companheiros ou ex companheiros das vítimas.

2022, o ano em que a Lei Maria da Penha completou 15 anos também foi o ano em que 86% das mulheres perceberam aumento da violência contra elas no Brasil.  Apesar da Lei Maria da Penha ser considerada pela ONU como uma das mais avançadas legislações sobre violência contra a mulher do mundo e um marco na luta pelos direitos das mulheres, o texto ainda não é colocado em prática como deveria uma década e meia depois de entrar em vigor.

Para acabar com toda a violência e opressão contra as mulheres, precisamos superar visões sexistas, porque elas são contrárias à luta das mulheres pelo igualdade de direitos. Precisamos que os homens, os companheiros, superem e descontruam o seu machismo e lutem com a mulheres e pelas mulheres.

Precisamos urgentemente de políticas públicas que priorizem a saúde mental da mulher e que as abracem de modo integral: fazendo um trabalho de prevenção, de acolhimento e de proteção às vítimas. A acima de tudo, nós precisamos de leis mais rígidas que punam rapidamente e de forma inafiançável o agressor.

Denuncie/Peça ajuda:

Ligue 180 para denunciar violência contra a mulher

Ligue 188 Para apoio emocional preventiva ao suicídio. A ligação é gratuita e funciona 24 horas por dia em todo território nacional.