Doracino Naves, o romanceiro de Goiânia

Doracino Naves, o romanceiro de Goiânia

Doracino Naves dos Santos nasceu em Araguari, Minas Gerais em 17 de janeiro de 1949. Foi jornalista, empresário e escritor brasileiro. Fez Comunicação Social, com ênfase em Jornalismo, na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás) com o trabalho “A Imprensa em Goiás”. Foi o diretor e apresentador do programa Raízes Jornalismo Cultural – onde fez, por 10 anos, entrevistas com artistas e escritores, inicialmente na Fonte TV e depois na PUC-TV (TV Aparecida). Publicou crônicas semanais no caderno DMRevista, do jornal Diário da Manhã. Foi um torcedor apaixonado pelo Vila Nova Esporte Clube, de Goiás. Foi muito admirado pelo seu jeito sério com a profissão de jornalista e por sua luta em prol dos artistas goianos. Suas crônicas revelavam uma prosa poética, contextualizando, muitas vezes, temas como reminiscências da infância em Porto Barreiros, Araguari e Palmelo; o amor por Goiânia e pela cultura integral; metáforas sobre a morte e dialéticas do existir. Criou o Simão Sem Caráter, um personagem amoral, cômico e, apesar da falha na personalidade, um ser humano “bom” por não ser “mau” e vice-versa.

Infância e juventude

Em 1954, com cinco anos, sua família se mudou para Palmelo, Goiás, onde viveu até aos dez anos. Seu pai, José Naves Martins, e o tio Ezequiel Naves de Almeida foram donos de cartório. Morou durante seis meses em Aragoiânia, no entorno da capital goiana, onde seu pai, Zequinha Naves, foi coletor estadual. Mudou-se para Goiânia em 1960. Em 1970 casou-se com Cleusa Cleonice de Castro, tendo com ela três filhos: Marcus Aurélio, Márcia Fernanda e Soraya. Em 1989 nasce sua filha Karolline. De 1966 a 1992 foi dono de escritório de contabilidade.

Maçonaria

Em 1974, na Maçonaria Glória do Ocidente do Brasil: ocupou vários cargos nessa instituição, inclusive o de Grão-Mestre Estadual, no período de 1978 a 1989, no qual foi construído o Palácio Maçônico do Jardim América. Defensor incansável da maçonaria cristã. Quando defendeu a maçonaria teísta contrariou interesses da maçonaria deísta e agnóstica.

Jornalismo

Carreira Jornalista tardia, pois iniciou na profissão aos 51 anos, dedicou-se ao jornalismo especializado em cultura. Sua carreira começou na revista Automóveis&Cia., ascendendo ao cargo de editor. No último período do curso de jornalismo na PUC Goiás, em 2007, estreou na tevê com o programa veiculado ao canal 5 – Fonte TV. Permaneceu nesse canal com mais de 300 edições voltadas ao público que aprecia as artes e a literatura. Em 10 anos da existência do Programa Raízes Jornalismo Cultural, Doracino Naves realizou mais de 500 entrevistas com artistas goianos. Teve as parcerias dos escritores Francisco Perna Filho, Edival Lourenço, Carlos Willian e Adalberto de Queiroz como entrevistadores convidados.

Política

Na eleição de 1989, foi eleito – com o apoio do então Secretário da Cultura do Estado de Goiás, Kleber Adorno – primeiro suplente de vereador em Goiânia. Assumiu o mandato até o final do período em 1992, sendo o autor da Lei que criou o Festival de Cinema de Goiânia e o Festival de Outono, com diversas atividades culturais em várias partes da capital. Também é de sua autoria a Lei que incluiria obras de artes (pinturas e esculturas) nas construções civis com mais de mil metros quadrados. Este projeto foi aprovado pela Câmara Municipal de Goiânia, com parecer favorável do Instituto dos Arquitetos do Brasil. O então prefeito, Nion Albernaz, vetou o projeto por força do lobby das imobiliárias goianienses. Em 1994, em lista de indicação liderada pelo Secretário da Cultura Geraldo Coelho Vaz e outros artistas e escritores, foi nomeado, pelo governador Iris Rezende, presidente da Funpel – Fundação Cultural Pedro Ludovico, correspondente à Secretaria de Cultura estadual. Em 2008, novamente em uma gestão de Iris Rezende, dessa vez prefeito, foi Secretário de Cultura de Goiânia.

Prêmios

  • Diploma – Troféu Tiokô – Conferido pela União Brasileira de Escritores de Goiás em 2009.
  • Honra ao Mérito – Conferido pela Câmara Municipal de Goiânia em 2012.

Novos caminhos

  • Em 2011, devido a um Acidente Vascular Cerebral causado pelo estresse, pediu afastamento das lides maçônicas e se afastou da também da política.
  • Em 2012, passou a se dedicar aos negócios da família – uma rede de serviços cartorários – trabalho que alternava com as gravações do programa Raízes Jornalismo Cultural.
  • Em 2013, casou-se com a romancista goiana Clara Dawn.
  • Em 2015, afastou-se dos trabalhos burocráticos da franqueadora e passou a se dedicar exclusivamente ao programa de entrevistas na tevê. E nesse ano também lançou a revista impressa e o portal na internet, ambos com a marca Raízes Jornalismo Cultural.
  • Em 2016, o casal passou a se dedicar a um projeto de restauração de nascentes no município de Piracanjuba, Goiás, e o reflorestamento de uma área de 48.400 metros (4 hectares) no Sítio Vale das Quimeras, em Piracanjuba. Em um ano, replantaram mais de 2 mil mudas de árvores do Cerrado.

Morte

Doracino Naves dos Santos morreu no dia 27 fevereiro de 2017, em decorrência de uma hemorragia após uma cirurgia de Whipple, para extrair um câncer no pâncreas.

“E ele tinha mais livros na instante, do que Zegna no armário, então eu me casei com ele, E nem a morte nos separou”.

Clara Dawn 

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