Da mesma forma que o cigarro convencional, o cigarro eletrônico faz mal principalmente devido à liberação de nicotina. A nicotina é uma das substâncias com maior poder de vicio conhecidas, por isso, pessoas que utilizam qualquer tipo de dispositivo que libere nicotina, seja o cigarro eletrônico ou o convencional, terão maior dificuldade em deixar de fumar, devido à dependência que essa substância provoca a nível cerebral.
Cigarros eletrônicos não combatem vício e podem causar inflamação pulmonar
Na edição desta quarta-feira (22) do quadro Correspondente Médica, do Novo Dia, a cardiologista Stephanie Rizk explicou os malefícios do cigarro eletrônico e afirmou que ele não deve ser considerado uma alternativa ao cigarro comum.
“O ‘foco de vidro no pulmão’ é quando uma parte dos alvéolos que deveria estar preenchida por ar está preenchida com alguma outra substância inflamatória”, explica a doutora. Esse quadro pode ser causado por infecções virais como a Covid-19, fibrose, fungos, e inclusive por inflamação provocada pelo uso de cigarro eletrônico.
“Há uma falsa impressão de que o cigarro eletrônico não faz mal, mas a maioria contém nicotina, que é altamente viciante.” A médica diz que, apesar de ter menos substâncias tóxicas que o cigarro comum, ele não é totalmente isento desses compostos.
A EVALI (E-cigarette or Vaping product use-Associated Lung Injury) é uma sigla em inglês para doença pulmonar causada pelo uso do cigarro eletrônico ou vaping, que foi identificada pela primeira vez em 2019.
Essa doença tem sido relacionada à presença de acetato de vitamina E, um tipo de óleo usado no líquido do cigarro eletrônico, especialmente nos que contém THC, que é uma substância psicoativa da maconha, e que interfere no funcionamento normal dos pulmões.
- Falta de ar
- Febre
- Tosse
- Náusea e vômito
- Dor no estômago
- Diarreia
- Tontura
- Palpitação
- Dor no peito
- Cansaço excessivo.
Esses sintomas podem surgir em alguns dias ou ao longo de várias semanas, sendo importante procurar ajuda médica na presença dos sintomas, para que seja feito o diagnóstico e iniciar tratamento mais adequado, que muitas vezes é feito com internamento e utilização oxigênio e uso medicamentos como corticóides, antibióticos ou antivirais, por exemplo.
“A indústria do tabaco acrescenta sabores ao cigarro para atrair jovens. Mentol e as essências de baunilha, morango, maçã, chocolate, crème brûlée têm sido empregadas com o objetivo de tornar o cigarro mais palatável às crianças e aos adolescentes.
A quantidade de nicotina presente nos reservatórios desses dispositivos é muito alta. Alguns deles chegam a conter o equivalente à de um maço inteiro. Além da nicotina, o líquido usado nos vaporizadores contém outras substâncias nocivas, algumas das quais são responsáveis pelas 64 mortes e as quase 3 mil internações hospitalares ocorridas nos Estados Unidos. O impacto dos cigarros eletrônicos foi tão grande naquele país que, finalmente, atraiu o interesse dos neurocientistas para estudar a ação a longo prazo da droga, no cérebro em desenvolvimento.
Segundo o Center for Diseases Control (CDC) daquele país, a causa mais provável é a presença do óleo de vitamina E na solução contendo nicotina inalada. Viciar crianças em nicotina é o negócio dessa indústria. Não é à toa que a Organização Mundial da Saúde considera o fumo uma doença pediátrica. Tentativas da Anvisa de proibir essa prática criminosa, têm fracassado diante do lobby milionário da indústria tabaqueira.
Adolescente desenvolve doença rara após o uso de cigarro eletrônico

Uma estudante de 15 anos foi hospitalizada com uma doença pulmonar rara depois de começar a usar cigarros eletrônicos. Dakota Stephenson, de Sydney, na Austrália, inicialmente foi para o hospital com febre alta e dores nas costas, mas foi diagnosticada com hipóxia. De acordo com os médicos, seus pulmões não estavam recebendo ar suficiente.
“Ela pedia dinheiro para comprar lanches, mas mal sabíamos que ela estava economizando para comprar cartuchos de nicotina. O fornecedor tinha sabores diferentes, como uva, morango e melancia. É basicamente um menu para crianças”, afirmou.
Os médicos acreditam que ela está sofrendo de uma doença chamada de EVALI, que foi revelada pela primeira vez após um paciente nos Estados Unidos, em 2019. A EVALI é uma sigla utilizada para definir a lesão pulmonar associada ao uso de cigarro eletrônico ou vaporização. Acredita-se que a condição seja causada pelos aparelhos que contêm tetra-hidrocanabinol (THC) e acetato de vitamina E. Após a doença de Dakota, sua mãe está pedindo a proibição dos cigarros eletrônicos e que o governo australiano adote medidas mais rígidas.
O uso de dispositivos eletrônicos para fumar (DEF) cresce cada vez mais no mundo, contudo no Brasil a sua comercialização é proibida por meio da Resolução nº 46/2009 da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária.
Por ser uma ferramenta eletrônica cujos efeitos ainda são pouco conhecidos, a permissão do Ministério da Saúde compreende apenas o seu uso, sendo que, conforme determina a Resolução nº 46/2009 da ANVISA a propaganda, comercialização e importação do cigarro eletrônico é proibida no Brasil.
Quem comercializar, propagar o uso ou importar o vape para o Brasil irá praticar infração sanitária, será autuado pela autoridade competente e estará sujeito às sanções elencadas na Lei nº 6.437/1977, que variam das mais brandas, como advertência à mais graves ,como cancelamento da autorização para funcionamento ou alvará de licenciamento da empresa.
Veja abaixo um episódio de Gre’s Anatomy que trata do uso do cigarro eletrônico na adolescência: