“Vou lhes contar a história de um jovem
estudante de arquitetura, aspirante a piloto da aeronáutica e poeta. Cresceu
dentro da normalidade de uma família de classe média baixa de pais separados. Era
um bom filho. Dedicado aos estudos e muito amoroso com os familiares e também
com seus amigos.
Aos 14 anos começou a fazer o uso de substâncias psicoativas e
como a sua vida parecia seguir dentro da ‘normalidade do uso recreativo da
maconha’. Ele concluiu lindamente o ensino médio; ganhou 3 medalhas
nacionais de matemática e física; foi tricampeão de Caratê; passou em todos os
concursos que prestou, inclusive no vestibular de arquitetura da Universidade
Estadual de Goiás, e se preparava para a prova de admissão para piloto da
aeronáutica quando algo extraordinário aconteceu: Ele teve um surto psicótico.
Aos 19 anos, ele entrou em Franco Surto Psicótico. Sim, ele
surtou literalmente: Ouvia vozes, via pessoas sem cabeças transitando pelas
ruas, achava que tinha o poder curar pessoas e animais, arquitetou um plano
extraordinário para salvar o planeta… As vozes eram insanas, agressivas,
persuasivas e incessantes. Ele parou de dormir e de se alimentar… Perdeu mais
de 10 quilos em poucos dias. A internação foi inevitável, pois o risco de
suicídio era iminente.
O diagnóstico: Transtorno
Psicótico Agudo, tipo Esquizofreniforme (Esquizofrenia Paranóide F20.0 – Cid
10) – com alteração grave da consciência, pensamento delirante, ideação suicida
e alucinações visuais.
– Isso tem cura doutora?
– Não.
– Tem controle?
– Se ele nunca mais usar qualquer tipo de droga, pode ser que
ele possa ter uma vida livre dos surtos, mas nunca mais poderá parar de tomar
os remédios. Mas se ele usar maconha mais uma única vez, nós não
conseguiremos trazê-lo de volta a lucidez nunca mais.
Ele saiu da clínica livre do surto. Compreendeu a doença e
aceitou o tratamento: visitas semanais à terapia e visitas diárias aos
Narcóticos Anônimos. 5 meses depois ele decidiu que deveria tirar à prova o que
a médica disse e fez aquele que seria o último back de sua vida.
No dia seguinte estava outra vez em surto. Desta vez mais grave.
As ideações e tentativas de suicídio eram diárias. Precisou ser internado outra
vez. Mas nenhum remédio foi bom o bastante para livrá-lo das malditas vozes.
Nenhum tipo de tratamento severo foi autorizado: do tipo lobotomia
ou eletroconvulsoterapia por sua família. E era desejo do próprio rapaz manter-se
acordado a fim de escrever tudo o que estava lhe acontecendo. E ele escreveu a
sua história como aqueles que sabem exatamente o fim que dará a ela.
Ele sabia o que não queria da vida. Ele não queria viver
daquele jeito. Para alguns a esperança não é a última que morre, mas é a última
esperança. Ele não queria morrer, ele apenas não queria mais viver. É
diferente. E no dia 17 de agosto de 2013, aos 20 anos, o jovem poeta optou pela
automorte, se enforcando no quarto da clínica onde estava internado. O nome
deste jovem é Arthur Miranda, e a sua mãe sou eu”. Clara Dawn
Em setembro eu disponibilizo a minha in box no Facebook para conversar sobre o assunto. Você encontra vários artigos sobre drogadição na adolescência e os transtornos mentais no blog que mantenho desde o início da doença do meu filho: Projeto Bola 16
A Associação Brasileira de
Psiquiatria adverte: O uso constante de maconha na adolescência pode
desencadear esquizofrenia (em indivíduos geneticamente predispostos) e a
esquizofrenia pode levar ao suicídio.
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